Ninguém
conseguia acreditar que bem ali, entre as congregações da Ásia Menor, jazia uma
igreja morta. Deitada naquele luxuoso esquife, lembrava mais a Bela Adormecida.
Infelizmente, não era um conto que e narrava ali. O que se via era um drama
desenrolado em tragédia. Contemplado-a mais perto, tinha-se a impressão de que
ela, estendida placidamente no ataúde de seu eclesiasticismo burocrático e
inflexível, aguardava apenas a chegada do príncipe. E, que este, com um único
beijo, devolvê-la-ia à vida. A história
poderia, então, ter um final venturoso: “E viveram felizes para sempre”.
A igreja
em Sardes fora morrendo aos poucos, até esvaziar-se do Espírito Santo. Mas ninguém
dizia que estava morta. Sempre bem maquiada administrativamente, e ostentando
ricos ornatos litúrgicos, conseguia fingir uma vida que enganava a própria
vida, agora, ali estava Sardes à espera do beijo que a desencantaria do sono
fatal.
O Príncipe
da vida não apareceu. Mas enviou-lhe uma carta, por intermédio de João, buscando
reavivar-lhe a partícula de vida que lhe remanescia no organismo. Um organismo
adoentado, mumificando-se organizacionalmente. A carta trouxe não só o beijo do
Noivo, mas o hálito do Espírito Santo que, assoprando sobre ela um grande
avivamento, ressuscitá-la-ia para uma vida de plenitude.
Muitas
igrejas, hoje, assemelham-se a Sardes. Morreram e ainda não o sabem. Vivem do
passado, pois já não existem no presente. E , apesar de serem admiradas como
história, são lastimadas por já não fazerem história.
( OS SETE CASTIÇAIS DE OURO)
( OS SETE CASTIÇAIS DE OURO)
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