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segunda-feira, 7 de maio de 2012

SARDES, A IGREJA MORTA


Ninguém conseguia acreditar que bem ali, entre as congregações da Ásia Menor, jazia uma igreja morta. Deitada naquele luxuoso esquife, lembrava mais a Bela Adormecida. Infelizmente, não era um conto que e narrava ali. O que se via era um drama desenrolado em tragédia. Contemplado-a mais perto, tinha-se a impressão de que ela, estendida placidamente no ataúde de seu eclesiasticismo burocrático e inflexível, aguardava apenas a chegada do príncipe. E, que este, com um único beijo, devolvê-la-ia  à vida. A história poderia, então, ter um final venturoso: “E viveram felizes para sempre”.
A igreja em Sardes fora morrendo aos poucos, até esvaziar-se do Espírito Santo. Mas ninguém dizia que estava morta. Sempre bem maquiada administrativamente, e ostentando ricos ornatos litúrgicos, conseguia fingir uma vida que enganava a própria vida, agora, ali estava Sardes à espera do beijo que a desencantaria do sono fatal.
O Príncipe da vida não apareceu. Mas enviou-lhe uma carta, por intermédio de João, buscando reavivar-lhe a partícula de vida que lhe remanescia no organismo. Um organismo adoentado, mumificando-se organizacionalmente. A carta trouxe não só o beijo do Noivo, mas o hálito do Espírito Santo que, assoprando sobre ela um grande avivamento, ressuscitá-la-ia para uma vida de plenitude.
Muitas igrejas, hoje, assemelham-se a Sardes. Morreram e ainda não o sabem. Vivem do passado, pois já não existem no presente. E , apesar de serem admiradas como história, são lastimadas por já não fazerem história. 


( OS SETE CASTIÇAIS DE OURO)

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